A Justiça decidiu, nesta terça-feira (18), levar a júri popular Adonai Santos Dias, acusado de tentativa de homicídio contra Átila Alves Gomes, em Brumado. O crime aconteceu em 28 de março de 2021, na Vila Presidente Vargas, e teria sido motivado por ciúmes. A decisão de pronúncia reconheceu provas da materialidade e indícios suficientes de autoria, requisitos que encaminham o caso ao Tribunal do Júri.
Segundo o processo, Adonai teria surpreendido Átila na rua, sacado um revólver e efetuado três disparos. Nenhum dos tiros atingiu a vítima, que conseguiu escapar após correr, cair e fingir-se de morta — estratégia que ela acredita ter sido decisiva para sobreviver. Testemunhas afirmaram que a namorada do acusado tentou contê-lo para evitar novos disparos. Ao supor que havia matado Átila, o suspeito fugiu de carro.
A vítima relatou em juízo que essa foi a segunda tentativa registrada no mesmo mês. Cinco dias antes, quatro tiros foram disparados contra seu veículo. Ele acredita que Adonai imaginou que ele estivesse dentro do automóvel. O motivo, segundo Átila, seria ciúmes, já que ambos tiveram envolvimento com a mesma mulher. A investigação também aponta um histórico de ameaças, inclusive pelas redes sociais.
Dois policiais militares confirmaram que localizaram Adonai cerca de meia hora após os disparos, em um carro com uma mulher e uma criança. O revólver calibre 38 apreendido estava com dois cartuchos intactos. Os agentes destacaram que o acusado apresentava comportamento agressivo.
Os depoimentos de Janice, ex-esposa do acusado, e de Raquel, atual namorada, apresentam divergências. Na delegacia, Raquel afirmou ter visto o disparo motivado por ciúmes. Em juízo, mudou a versão e disse não ter visto arma. Janice afirmou ter ouvido os tiros e ouvido Raquel pedir para que Adonai parasse, embora não tenha visto a direção dos disparos.
Em interrogatório, Adonai admitiu ter atirado, porém alegou que os disparos foram para o alto. Também disse que Átila estava armado com uma faca, informação não confirmada por nenhuma testemunha. Ele negou ter feito ameaças anteriores.
O Ministério Público manteve a acusação de tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil, destacando o ciúme como motivação, o uso da arma e a direção dos tiros, além do fato de a vítima não ter sido atingida por circunstâncias alheias à vontade do agressor. A defesa tentou desclassificar o caso para disparo de arma de fogo, sustentando que não houve intenção de matar.
A Justiça, porém, acolheu o entendimento do MP e manteve a prisão preventiva, considerando o risco de reiteração criminosa e o histórico do acusado. Com a pronúncia, o caso segue para julgamento pelo Tribunal do Júri nesta terça-feira (18), órgão responsável por analisar crimes dolosos contra a vida.
